Agricultores podem retomar protesto na Raposo
Os agricultores de Palmital podem retomar o bloqueio na rodovia Raposo Tavares a partir da próxima segunda-feira, como forma de fortalecer o movimento que reivindica ao governo soluções para a crise que se instalou no setor rural. A decisão deveria ser tomada durante reunião no final da tarde de ontem no Sindicato Rural, após o fechamento desta edição, e visa ampliar os protestos na região, onde há bloqueio ao carregamento de grãos desde 2 de maio e a paralisação do trânsito no trecho da rodovia em Maracaí. As ações fazem parte do manifesto “Grito do Ipiranga”, que promove manifestações em diversos estados para forçar a prorrogação das dívidas rurais e a garantia de renda mínima aos produtores.
O plano dos manifestantes é levar novamente as máquinas para a Raposo Tavares e bloquear o trânsito de caminhões até quinta-feira, quando o governo federal deve apresentar uma proposta para a agricultura, elaborado a partir de reivindicações apresentadas na terça-feira, em Brasília (DF), por governadores e representantes do setor rural Lideranças buscam também a participação de produtores de outros municípios, como forma de ampliar os protestos no Vale Paranapanema.
Segundo Basílio Amatti, presidente do Sindicato Rural de Palmital, o movimento no município é positivo, como forma de mostrar que há sérios problemas com a agricultura. Mas, informou ele, se o governo não se sensibilizar para atender às reivindicações, será necessário que os produtores continuem a protestar. “Diante do silêncio do governo, é preciso que façamos a avaliação do movimento na região e decidir por retomar o bloqueio da Raposo na segunda ou terça-feira”, informa.
Basílio ressalta que em Palmital o movimento ganhou grande força com o apoio recebido do comércio e dos bancos, que fecharam as portas, além da Prefeitura, que teve ponto facultativo decretado na tarde de terça-feira em solidariedade aos agricultores. “O destaque foi o apoio que recebemos, como o fechamento do comércio e da Prefeitura. Isto é fruto da organização dos agricultores, que envolveu outras classes de Palmital”, avalia.
MARACAÍ – Os agricultores de Maracaí mantêm desde terça-feira o bloqueio do trânsito de caminhões na altura do quilômetro 470 da Raposo Tavares. O movimento conta com cerca de 150 integrantes e conta com a participação de produtores de Pedrinhas Paulista, Cruzália, Iepê, Rancharia e Paraguaçu Paulista, que colocaram as máquinas sobre a pista para impedir a passagem dos veículos de carga. O manifesto, segundo os participantes, deve durar até a quinta-feira. “Tudo depende do sinal que o governo nos dará. Se não for o que esperamos, podemos continuar”, ameaça o produtor Walter Alfredo Elitt, de Cruzália. “Não queríamos estar aqui; preferíamos estar produzindo, mas não temos alternativas”, completa. Há ainda a previsão, segundo os manifestantes, de uma concentração no entroncamento das rodovias Raposo Tavares, Miguel Jubran e Manílio Gobbi, em Assis, paralisando trânsito no acesso ao Estado do Paraná e à região noroeste paulista (via Paraguaçu Paulista).
(Colaborou Luiz Beltramin, do Diário de Assis)
LIDERANÇAS RECLAMAM DA FALTA DE ARTICULAÇÃO NA REGIÃO
Apesar do bloqueio ao trânsito de caminhões na Raposo na terça-feira, em manifestação promovida pelos agricultores “caras pintadas” em Palmital, alguns municípios da região ainda não aderiram ao manifesto no asfalto. Entre as alegações para não participar está a solidariedade com as forças policiais em virtude dos recentes atentados atribuídos à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), registrados em Assis, Ourinhos e Marília.
Edson Valmir Fadel, o Branco, diretor do Sindicato Rural de Palmital, disse que a alegada solidariedade às forças policiais não seria uma forma de justificar a ausência de maquinário e produtores de outras cidades na rodovia na terça-feira. “Nós estávamos articulados para isso e, eles [manifestantes de cidades vizinhas], talvez não. Então utilizaram esse argumento [os ataques criminosos] como “desculpa”, aponta Branco, que também é conselheiro da Coopermota. “Nós jamais pensamos em causar qualquer tipo de transtorno. O protesto na rodovia já estava previsto e, logo na segunda-feira [dia seguinte aos ataques em Assis] entramos em contato com a Polícia Rodoviária, que não assinalou problemas quanto à nossa manifestação e prestou apoio”, afirma ele. “Foi uma manifestação nacional”, argumenta.
Basílio Amatti, presidente do Sindicato Rural, também foi incisivo ao falar sobre a falta de participação de outros municípios no protesto. “Quando não existe a participação das outras cidades da região, o protesto enfraquece. Se todos estivessem empenhados, seríamos mais fortes. Não basta apenas reuniões para discutir as propostas. É necessária a mobilização e a ação conjunta de todos os agricultores para concretizar o movimento como forma de reivindicar as soluções para os nossos problemas”, conclama.
(Colaborou Luiz Beltramin, do Diário de Assis)