Geadas provocam severas perdas na agricultura de Palmital e região
Temperaturas abaixo de zero causaram acúmulo de gelo e deve provocar 80% de quebra na produtividade do milho safrinha, além de comprometer o desenvolvimento das culturas de cana-de-açúcar, banana e mandioca
A onda de frio intenso registrada no início da semana deve causar severas perdas na produção agrícola de Palmital e da região. O setor agrícola, que é a base da economia dos municípios e deve encerrar a safra de inverno com grandes prejuízos aos agricultores, teve o milho safrinha como a cultura mais afetada, mas também deve registrar perdas nas lavouras de cana-de-açúcar, banana e mandioca. A adversidade climática foi marcada por temperaturas abaixo de zero na zona rural nas madrugadas de segunda e terça-feira.
O Departamento Técnico da Coopermota de Palmital estima que houve formação de gelo sobre lavouras, pastagens e outros tipos de vegetação em até 85% da área do município, salvo os casos de terras próximas ao rio Paranapanema e em locais isolados. Os termômetros de estações de monitoramento climático mantidos pela cooperativa atingiram mínimas de –2º C, além de sensação térmica de –5º C. Esta é a é a maior onda de frio dos últimos onze anos – em 2000, uma massa de ar polar provocou temperaturas ainda menores.
Após avaliações de campo feitas pela equipe técnica da cooperativa, o gerente da Coopermota de Palmital, o técnico agrícola João Carlos Bernardo, estima que as geadas devem provocar 80% de perda na produtividade do milho safrinha, a principal cultura temporária de inverno na região, que ocupa cerca de 25 mil alqueires na área de atuação da unidade e abrange localidades de outros municípios da Comarca e da região. Ele informou que, antes da onda de frio, havia expectativa de rendimento médio de 200 casas por alqueire, que agora caiu para 40 sacas. Ele ainda alerta que, o pouco que for colhido, pode ser comprometido também pela baixa qualidade dos grãos. “Ainda é cedo para avaliar a real extensão dos danos, que devem ser apurados com maior detalhamento nos próximos dias”, afirmou.
DANOS – No caso do milho, segundo Bernardo, o acúmulo de gelo causa a degeneração celular e, consequentemente, a morte das plantas. Com o frio em excesso, informou, o desenvolvimento dos grãos fica paralisado. Mas como existem vários estágios de desenvolvimento das lavouras, ele acredita que os locais com espigas mais maduras devem ter melhor produtividade, embora pequena em comparação à estimativa inicial. Segundo o gerente, o frio intenso já afetou a qualidade dos grãos devido à morte e a desidratação das plantas. Já para os casos em que as lavouras estavam em fase de enchimento de grãos e o milho verde, a previsão é de perda total pela paralisação do processo de desenvolvimento de grãos.
Bernardo disse que, no caso da cana-de-açúcar, a formação de gelo provoca a morte dos brotos da plantas, fazendo com que tenham de reiniciar o processo de brotamento. Com isso, há o consumo da sacarose acumulada, que é o foco de extração na atividade industrial em usinas e destilarias para a produção de sacarose e álcool. Já a banana, descreveu o técnico, é afetada pela morte dos brotos e o comprometimento da qualidade dos frutos, que são “cozidos” após o acúmulo do gelo. Para a mandioca, a situação pode ser mais tranquila, pois a morte da parte aérea da planta pode ser revertida com uma poda para o posterior brotamento e continuidade do processo de desenvolvimento.
PREJUÍZO – O agricultor Flávio Tombolato disse ao JORNAL DA COMARCA que deve acumular prejuízo de R$ 100 mil com o milho safrinha devido às geadas desta semana. Ele contou que mantém 29 alqueires de lavouras na propriedade de seu pai, Cláudio Tombolato, na Água da Aldeia, onde as perdas são de 100%. A quebra total da produção, segundo o produtor, aconteceram porque as lavouras estavam em fase de milho verde, evitando que a planta completasse seu ciclo de desenvolvimento.
Fonte: Jornal da Comarca