II Simpósio de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta
Com o objetivo de aprimorar os meus conhecimentos em sistemas de produção altamente sustentáveis, representando o Sindicato Rural de Palmital, participei
nos dias 08 e 09 de Junho na ESALQ-USP de Piracicaba do Simpósio Integração Lavoura-Pecuária e Floresta.
O sistema ILPF envolve a produção de grãos, de fibras, de madeira, de energia, de leite ou de carne na mesma área, em plantios em rotação, consorciação o u sucessão. O sistema funciona basicamente com o plantio, durante o verão de culturas agrícolas anuais (arroz, feijão, soja, milho ou sorgo) e de árvores, associado a plantas forrageiras dos gêneros Brachiaria ou Panicum.
Com a implantação do sistema ILPF é possível recuperar pastagens degradadas, com baixo suporte de animais, restaurar a fertilidade do solo, melhorando as suas condições físicas, químicas e biológicas, produzir pasto e forragem para alimentação animal na época da seca, produzir grãos, reduzir a infestação por doenças, pragas e plantas daninhas, diminuir os custos da atividade agrícola e da atividade pecuária e diversificar e estabilizar a renda do produtor rural.
Existem vários modelos de ILPF que têm sido utilizados com sucesso, porém, não existe um modelo único que funcione em todas as situações. Por isso, é importante que o produtor conheça as possibilidades existentes e que busque a melhor alternativa para a sua realidade.
No Médio Paranapanema, pesquisadores da APTA/IAC-Assis, tem trabalhado no primeiro momento na consorciação de gramíneas em áreas de milho safrinha sob o Sistema de Plantio Direto em diversas propriedades rurais da região, com excelentes resultados, o que tem possibilitado um aumento gradativo da fitomassa para as aculturas subseqüentes.
Existe todo um trabalho a nível regional de conscientização do produtor rural em aderir ao sistema, levando em conta as peculiaridades de cada um, principalmente no que tange a infra-estrutura de máquinas e o seu desempenho operacional.
Em outros Estados da Federação, com aptidão agrícola diferenciada do Estado de São Paulo e uma estrutura fundiária diferente da nossa realidade (em São Paulo predomina as pequenas propriedades), o sistema ILPF avançou rapidamente e os resultados obtidos são bastante promissores.
No Estado de São Paulo existem aproximadamente 8 milhões de hectares de pastagens degradadas, que poderiam ser beneficiados com esta tecnologia, bem como toda a cadeia produtiva de grãos, porém para que avanços sejam conseguidos na implantação deste sistema o trabalho é árduo na conscientização dos produtores rurais, muitas vezes céticos na adoção de novas tecnologias.
Na minha visão de técnico e adepto do Sistema de Plantio Direto, para se atingir os objetivos propostos é preciso que as instituições públicas de pesquisa e extensão, juntamente com as entidades representativas dos produtores rurais (Sindicatos e Cooperativas), busquem o entendimento na implementação e divulgação desta “ferramenta”, que certamente possibilitará aos agricultores e pecuaristas, um sinergismo em todo o sistema produtivo, com benefícios e ganhos para o meio ambiente e a sociedade como um todo.
Neste contexto, gostaria de enfatizar a necessidade de toda a sociedade assumir o seu papel na preservação ambiental, deixando de lado as discussões antinômicas e tendo como premissa uma visão embasada em conhecimentos científicos e coerentes para a nossa realidade, deixando de discriminar os agricultores como vilões e depredadores do meio ambiente, e sim enaltecê-los pela responsabilidade de produzir alimentos para atender a demanda interna e ainda excedentes para se cumprir uma pauta de exportação. É evidente que existem agricultores que não fazem a “lição de casa”, como em todas as áreas existem, porém é inconcebível colocar-nos todos em uma vala comum.
E em meio a grandes debates e decisões que envolvem o assunto preservação ambiental, atitudes simples, adotadas por cada pessoa na rotina que se tem em casa, nas ruas, no trabalho ou na escola, podem resultar numa nova realidade para todo o planeta. Idéias e informações estão hoje mais acessíveis e a disposição de todos, só resta agirmos de maneira consciente e orientar os amigos a fazerem o mesmo e essa ação multiplicadora certamente irá ajudar a melhorar nossa qualidade de vida, minimizando os riscos de uma catástrofe ambiental.
* Engenheiro Agrônomo Benedito Hélio Orlandi (Bertola)- E-mail: bertolaorlandi@hotmail.com
* Graduado em Engenharia Agronômica pela UENP -Universidade Estadual do Norte do Paraná em 1975.