Protesto de agricultores se espalha pela região
O bloqueio aos armazéns de depósitos de grãos, iniciado em Palmital na terça-feira, ganhou a adesão de um grande número de lideranças rurais e de produtores, espalhando-se por todos os municípios do Vale Paranapanema. O movimento é coordenado pelos sindicatos rurais e tem a finalidade de evitar que a produção agrícola abasteça as indústrias ou chegue aos portos para a exportação. O protesto, por tempo indeterminado, busca sensibilizar o governo para a situação de crise na agricultura local que, assim como em outros pontos do país, têm os produtores endividados e sem condições de investir em suas propriedades. As principais reivindicações são o alongamento das dívidas e uma política que garanta a renda da atividade.
Em Palmital, os produtores fecharam as unidades da Coopermota, Ceagesp e das empresas Multisafra e Ouro Safra. Ações semelhantes, com centenas de tratores, colheitadeiras e caminhões foram desencadeadas em toda a região e pararam os carregamentos de soja, milho e trigo. As doze unidades de armazenamento da Coopermota, localizadas em Bernardino de Campos, Campos Novos Paulista, Cândido Mota, Frutal do Campo, Ibirarema, Ipaussu, Palmital e Tarumã, foram atingidas pelo movimento.
Segundo Basílio Amatti, presidente do Sindicato Rural de Palmital, o movimento ganhou força e deverá ser mantido até que as reivindicações sejam atendidas. Ele informou que já estão parados armazéns na entre Ipaussu e Presidente Prudente. Produtores de municípios como Regente Feijó, Rinópolis, Catanduva e Taquarituba já entraram em contato com o sindicato e prometeram aderir ao protesto. “O movimento ainda está crescendo no Estado e deve parar a movimentação de grão nos próximos dias”, prevê.
Em avaliação sobre os primeiros dias do bloqueio, Basílio disse que o movimento já está causando impacto nas rodovias, onde é visível a redução no número de veículos graneleiros. “O protesto está tirando os produtos de circulação e deve causar impacto no mercado”, salienta. O presidente informou ainda que na próxima semana os agricultores farão reuniões para programar os bloqueios em estradas que ligam a região ao Paraná, evitando a circulação de veículos carregados com grãos. Em Palmital, a ação ocorrerá na rodovia Nelson Leopoldino (SP-275). Haverá também panfletagem em todas as cidades da região para alertar a população sobre as dificuldades financeiras do setor agrícola, que é de fundamental importância para a economia dos municípios.
REIVINDICAÇÃO – Mesmo sem qualquer sinalização do governo diante dos protestos, Basílio informou que as lideranças rurais estão trabalhando para viabilizar o alongamento das dívidas. Na próxima quinta-feira, representantes da região estarão na sede da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) para receber orientações sobre as ações judiciais para a prorrogação dos pagamentos, além de outras medidas para proteger os agricultores da crise.
>Para o dia 16 de maio, adiantou Basílio, está prevista uma marcha para Brasília, onde agricultores de todas as regiões do país estarão reunidos com representantes do governo para reivindicar medidas para o fim da crise. O encontro conta com o apoio da Confederação Nacional da Agricultura e das federações estaduais. No mesmo dia, os manifestantes intensificarão bloqueio de estradas e farão protestos nas cidades.